A Marcha das Estações: Segundo Canto - A Dança do Alvorecer

A neve cai formando uma cortina espessa e o céu nublado é escuro como uma noite sem luz. O Sol está prestes a nascer.

Inverno observa seu regente se sentar na clareira, faltam poucas semanas para a aurora e ele aguarda seu substituto, Lucius P. S. Verde, O Rei das Esmeraldas. A manta de Nikolay é branca e se mescla à neve que cobre o solo, contudo suas vestes são negras e salpicadas de flocos de neve que embaçam os metais de suas joias. Niko, como Lucius o chama, brinca com o vento que passeia em seus dedos magros e pálidos, sua coroa de cinzas em eterna descamação se confunde com a neve que cai. Uma brisa morna lhe afaga a face: Lucius chegou.

Um jovem de traços bem desenhados  e estatura media se aproxima na clareira, sua manta de pelo de raposa e longas folhas de grama arrasta pelo chão, limpando a neve em sua esteira, e as flores crescem e morrem no solo seco, como num piscar de olhos, e suas vestes de couro negro e peças de ébano azulado contrastam com as jóias de água marinha e o pingente de pedra da lua em seu pescoço esguio e sardento. Há um brilho úmido e alegre em seus olhos, suas duas maiores jóias, cujo a cor é um dourado antigo do Sol cravejado de pingos verdes como esmeraldas. Os olhos de Lucius são sua arma mais perigosa, pois seu olhar solar aquece o fundo do coração

Lucius outrora foi Lucily, seu corpo flui ao sabor do desejo e do prazer e em seus lábios moldados pelas fadas se encontra  o beijo mais macio e doce  que um mortal ou imortal pode experimentar, seu andar é em si uma visão do paraíso. assim como seu irmão mais velho, Lucius anda descalço.

O jovem se aproxima de seu irmão mais velho:
- Bom dia que chega meu amado!
- Feliz ano novo, raio de Sol!
- Como tem sido a Madrugada meu querido, eu soube do problema com aquelas pestinhas que as fadas deixam escapar as vezes
- Eles não são pestinhas Irmão que já foi Irmã, são nossos súditos, ou se esquece que você já foi a ave canora de um fadas?
- Eu já me esqueci dessas bobagens - diz o jovem de loiras madeixas onduladas - Eu sou muito melhor agora...
- Seu olhar não e engana - diz o homem de negro se levantando e se aproximando de seu consorte - me desculpe meu amor, não foi minha intenção tocar nessa ferida, venha, ande cá...

Ao se abraçarem as folhas murcham e o couro se esgarça na veste do Rei da Primavera e a Manta congelada do Rei do Inverno derrete voltando a ser negra e opaca ( é feita do pelo mais pesado do maior dos ursos) e em seu beijo a aurora mancha de azulado e violeta o horizonte: a Dança começa!

Como duas lontras, Dois ventos ascendentes que formam os tornados, dois rios caudalosos que no encontro formam uma força da natureza o Frio do Inverno toca o Calor da Primavera e a onda de choque desse tango choca os ovos, derrete o gelo, aquece o chão. Em sua dança magnífica s dois amantes acionam as engrenagens do Fado com seu amor e a clareira recebe o primeiro raio de Sol do Ano que é Dia, coroando a dança.

A neve derrete e alimenta os rios que fluem como sangue da vida, os animais saem de seu sono e as flores pintam a superfície, os enamorados dançam nm abraço tão intimo, pois um é o oposto do outro e cada um guarda em seu coração uma parte de seu amado. apenas mais um beijo antes de Nikolay voltar para a Floresta e Lucius que já Foi Lucily assumir.

A coroa de ônix queima e se desfaz em sua forma discreta e da tiara de flores na cabeça doirada do jovem primaveril brotam duas belas galhadas que se entrelaçam e formam uma coroa digna dos deuses.
- Até o ano que vem meu Senhor, Rei da Primavera...
- Até  amanhã meu querido Rei do Inverno...

Nikolay desaparece nas sombras geladas das montanhas de gelo eterno e Lucius alça voo, pois agora ele é o Sol que que aquece e sua manta se tornara um par de asas feitas da chuva fresca que alimenta.

A Primavera Floriu e os Perdidos podem festejar e se alegrar, brotar do solo que o inverno deixou coberto com brancura e tristeza... Lucius sorri.




em algum lugar o Verão dorme, sonhando em como vai tirar o sorriso do rosto de seu caçula